De forma pioneira o site do Pelotas Treze Horas, começou a publicar no sábado passado, 30.11, um roteiro cinematográfico sobre o pelotense ilustre, João Simões Lopes Neto. De autoria dos escritores Lourenço Cazarré e seu filho, Érico Cazarré, esta é a primeira vez que um espaço pelotense e quem sabe do RS está publicando, semanalmente, um roteiro cinematográfico.
Ele estará aqui no site – www.pelotas13horas.com.br – todos os sábados e se estenderá por mais 8 capítulos. Confira a II Parte:
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AS MUITAS VIDAS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO – PARTE 2
Parte 2
Cena 14 – Educação
Imagem em animação do menino em sua primeira escola. Surge um mapa indicando a ida dele de Pelotas para o Rio de Janeiro.
Loc.
João entrou para a escola depois de ter sido alfabetizado na estância.
Loc 2
João passou brevemente pelo Colégio Francês, do professor Aristides Guidony, em Pelotas, antes de ser levado, aos 13 anos, ao Rio de Janeiro.
Loc
No Rio, o futuro escritor ficou aos cuidados de parentes.
Seu objetivo era cursar a Faculdade de Medicina.
Loc 2
Matriculado no Colégio São Pedro de Alcântara, prestou exames preparatórios entre 1879 e 1884.
Animação de imagens do menino estudando, fachada da Faculdade de Medicina e indicações dos anos citados.
Loc.
João passou seis anos e quatro meses no Rio de Janeiro, de agosto de 1878 a novembro de 1884.
Loc 2
Embora não existam registros, o escritor afirmava ter frequentado a Faculdade de Medicina.
Loc
João voltou ao Sul sem ter concluído um curso superior. Há duas versões para esse seu regresso antecipado.
Animação mostrando Simões acamado e médicos ao redor dele.
Loc 2
A primeira versão dizia que o jovem teve uma hepatite grave.
A segunda: o rapaz teria sido surpreendido a espiar uma tia no banheiro.
Imagens mostrando o jovem Simões subindo em um caixote e espiando por uma janela. Imagem de uma mulher nua no banho cobrindo os seios com a mãos. Imagens do tio de Simões com expressão raivosa apontando a porta da rua para ele.
Imagens de Simões retornando à fazenda. Imagem dele, visto de costas, contemplando o Cerro do Jarau.
Loc
Aos 19 anos o futuro escritor estava de volta ao Rio Grande do Sul.
Loc 2.
Passou um tempo na estância São Sebastião, de Uruguaiana, gerenciada por seu pai. Nessa época o futuro escritor conheceu o Cerro do Jarau, cenário de uma das belíssimas lendas que escreveu.
Cena 15 – Começo na Imprensa, 1888
Close do rosto de Simões e inúmeras imagens circulando ao redor de sua cabeça indicando seus conhecimentos.
Loc.
João Simões Lopes Neto possuía uma vasta cultura geral. Sabedor de muitas coisas, tinha explicações para tudo.
Loc 2
Sabia tudo sobre os trabalhos no campo, escrituração mercantil, negócios de compra e venda, doenças, remédios e, sobretudo, política.
Imagens de um prédio de imprensa. Simões sentado escrevendo.
Loc.
João Simões Lopes Neto começou a atuar na imprensa como colaborador do jornal A pátria, que pertencia a seu tio Ismael Simões Lopes.
Loc 2
Este Ismael, que não cursou faculdade, atacava o Governo imperial por gastar muito dinheiro com a formação de bacharéis, que ele considerava os parasitas da Nação.
Imagens de recortes de jornais das publicações de “Balas de Estalo” e destaque para o nome “Serafim Bemol”.
Loc.
Seu primeiro trabalho jornalístico foi uma série de crônicas sobre uma viagem que fez a Rio Grande e São José do Norte.
Criou depois a coluna “Balas de estalo”, na qual comentava de forma humorística, em versos, os fatos da época.
Loc 2
Nas “Balas de estalo”, ele usava o pseudônimo – Serafim Bemol – que o acompanharia nas suas colaborações para os jornais e nas suas criações teatrais.
João criou ainda a “Tesoura hilariante”, coluna em que reproduzia piadas e histórias jocosas.
Cena 16 – Despachante, 1890
Imagem animada de uma placa de despachante sendo instalada em porta modesta.
Loc.
Aos 25 anos, ainda solteiro, João criou seu primeiro negócio. Embora sonhando com grandes empreendimentos, contentou-se com um modestíssimo escritório de despachante.
Loc 2
Sem patrimônio ou capital, pendurou uma singela placa na parede: “João Simões – despachante geral”.
Entra imagem com o texto citado ao fundo e em destaque surgem diversas imagens que mostram a variedade de serviços oferecidos por Simões. Imagem do gasômetro, de sacos de papel, de louças e fósforos.
Loc.
João Simões Lopes Neto exerceu essa humilde profissão por toda vida.
Sempre anunciava nos jornais os muitos produtos que representava.
Loc 2
Fósforos Cruzeiro, tão bons como os melhores e mais baratos que qualquer outra marca.
Louças sanitárias e todos os artigos concernentes.
Gás acetileno e carbureto.
Gasômetro de Fazendeiro: luz brilhante, firme, econômica, asseio, comodidade, segurança.
Sacos de papel forte, limpos, bem-feitos e baratos.
Cena 17 – O primeiro grande negócio
Imagens do surgimento da indústria de vidros. Um prédio em que um letreiro é instalado. Negociações, papéis indicando a Sociedade Vidraria Pelotense e o panfleto de divulgação.
Loc.
O primeiro grande negócio a que se dedicou João Simões Lopes Neto foi à construção de uma fábrica de vidros.
Sem colocar dinheiro do próprio bolso, ele criou a Sociedade Anônima Vidraria Pelotense.
Sonhava alto.
Loc 2
Seis bons operários, trabalhando com 24 mulheres e crianças, auxiliados por modernos aparelhos, e bem dirigidos por um hábil mestre de oficina, podem produzir por dia no mínimo de três mil objetos diversos (chapas para vidraças, copos, frascos, garrafas e chaminés para lampiões). Assim, serão 840 mil objetos em um ano com 280 dias úteis.
Imagens de recortes dos jornais apresentam o seguinte trecho. E na sequência surgem imagens animadas da chegada dos materiais da fábrica.
Loc.
Tudo sobre o avanço dessa obra foi noticiado em termos grandiosos pelos jornais da cidade. Anúncios alardeavam que na região havia excelente matéria-prima, abundante e barata.
Loc 2
Em janeiro de 1892 começaram as obras da fábrica em Pelotas. Operários foram contratados em Montevidéu. Chegou ao porto de Buenos Aires um navio com 400 toneladas de maquinário. Outra embarcação depositou em Montevidéu mais 30 volumes. A futura companhia comprou em Pelotas 500 mil achas de lenha. Chegaram da Alemanha os últimos aparelhos, máquinas e drogas necessárias à fabricação de vidros e cristais. Foram convocados meninos de 12 a 16 anos interessados em exercer a nobilitante arte de vidreiro.
Imagens animadas da inauguração, dos fornos funcionando e dos operários trabalhando e dos objetos de vidro.
Loc.
A fábrica de vidros foi inaugurada em 15 de abril de 1893. Um jornalista registrou o acontecimento.
Loc 2
Foram postos a funcionar três fornos, dos quais era tirada a massa necessária para o fabrico do vidro, trabalho executado por operários franceses, ajudados por meninos. Surgiram então vasos, copos, vidros para lampiões, frascos grandes e de boca larga.
Imagens animadas da situação se complicando. Letreiros apontam os anos, mapa estilizado traz indicação da revolução federalista. E por fim imagens de funcionários da fábrica de vidros com dificuldades ao manipular o material. Ao final a frase em destaque aparece escrita com letra cursiva como se estivesse publicada em uma carta.
Loc.
O relatório das atividades do primeiro ano listava as maiores dificuldades.
Loc 2
Técnicos convidados para trabalhar na empresa recusaram o convite por causa da Revolução Federalista.
A situação financeira da empresa não chegava a ser desesperadora, mas não era das melhores.
Loc
O segundo relatório registrou um prejuízo de 114 contos de réis.
Loc 2
Um diretor admitiu que a fábrica não tinha uma direção técnica eficiente.
E reconheceu que a indústria do vidro era uma ciência cheia de complicações.
Cena 18 – O primeiro trabalho assinado
A animação segue apresentando o letreiro com o ano apontado na narração e imagem de jornal com matérias assinada por Simões.
Loc.
Paralelamente à atividade empresarial, João Simões Lopes Neto escrevia. Em 1893, pela primeira vez usando seu nome, publicou no Diário Popular uma monografia sobre as indústrias de Pelotas.
Loc 2
Assinou ainda uma série de artigos sobre a “Canalização do Arroio Santa Bárbara”, obra que julgava indispensável para facilitar o acesso às charqueadas e à Tablada.
Cena 19 – A primeira peça de teatro
Animação agora mostra o ano (1893). Imagens do Teatro Caixeiral, recortes de jornal apresentando “O boato” e “Viúva Pitorra”. Imagens da peça sendo encenada.
Loc.
Em setembro de 1893 foi lido, na casa do próprio autor, O Boato, revista musical que ele escrevera em parceria com o comerciante português José Gomes Mendes, o Mouta Rara.
Loc 2
Os maiores sucessos teatrais de João sairiam dessa sua parceria com Mouta Rara, que conhecia muito bem a carpintaria cênica.
Loc
Encenada em novembro, O Boato alcançou grande sucesso. Publicado no ano seguinte, foi o primeiro trabalho teatral de Simões a ser impresso.
Loc 2
Com cerca de 50 figurantes, O Boato era uma revista com alusões a fatos vividos pela cidade durante aquele ano.
Animação destaca o nome “Serafim Bemol”, fachada do Clube Caixeial, “Bazar das raridades” e a “Tenda Japonesa”.
Loc.
O teatro de João era de feição amadorística e cunho local.
Suas muitas peças foram encenadas pelo corpo cênico do Clube Caixeiral,
Loc 2
O escritor teria atuado só uma vez como ator, substituindo um figurante que adoecera.
Loc
O português Mouta Rara, que levou João para o teatro, foi um comerciante de sucesso. Criou em Pelotas o Bazar das Variedades e a Tenda japonesa.
Animação mostra o maestro e, também, uma orquestra.
Loc.
João trabalhou com parceiros em muitas de suas obras. Entre eles, destaca-se o maestro Manoel Acosta y Olivera.
Loc 2
Negro, de fala espanhola, de nacionalidade desconhecida, professor de música e diretor de orquestra, o maestro Acosta morou por dez anos em Pelotas.
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Segue sábado que vêm…