ARTIGO – TREZE HORAS 41 ANOS

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TREZE HORAS 41 ANOS

* Fábio de Moura

Quatro décadas é tempo mais que suficiente para tornar qualquer coisa irreconhecível ou obsoleta! Olhando para o retrovisor e mirando nos últimos quarenta e um anos, conseguimos enxergar as máquinas de escrever desaparecendo, com sua progressiva substituição pelos teclados de computador, que já enfrentam também o seu declínio. Vemos, igualmente, o telefone, que ainda sequer era chamado de fixo e que para ser utilizado ainda precisava, muitas vezes, do auxílio de uma telefonista, ser substituído pelos celulares, que hoje o que menos fazem é servir para uma ligação telefônica. Sequer mencionarei o tema das denominadas redes sociais, as quais, para um cidadão da década de 70 do século passado, pareceriam integrantes de livro do Isaac Asimov ou do Arthur C. Clarke, ainda que não tão assustadoras como hoje estão se demonstrando.

No aspecto político, em quarenta e um anos vimos o ocaso da ditadura militar brasileira e sua substituição pela democracia, cambaleante nos dias de hoje, mas ainda a preferida do povo brasileiro. Deixamos de ter generais ditadores e convivemos já com a oitava eleição direta para presidente, com percalços, com impedimentos, mas sempre com a supremacia do poder democrático. Em termos sociais, vimos o analfabetismo cair de mais de 33% em 1970 para menos de 10% em 2010. Já em 2014, vimos o Brasil sair do famigerado Mapa da Fome, elaborado pela ONU.

As mudanças foram muitas e foram, em sua grande parte, radicais; contudo, houve algo que, ao longo das últimas quatro décadas, pouco mudou e ainda permanece perfeitamente reconhecível! Em 6/11/1978, nascia o programa Pelotas 13 Horas, por ideia e sob o comando do Clayton Rocha, jornalista de qualidade ímpar, emprestado por Pedro Osório para engrandecer a comunidade pelotense. Com a árdua e diária tarefa de debater os grandes temas da cidade, da região, do Estado, do país e do mundo, o programa tornou-se uma espécie de integrante da sociedade pelotense.

Nele, em ambiente de liberdade e opinião independente, foram forjados líderes assim como naufragaram pretensões políticas despidas de conteúdo. As campanhas e os projetos capitaneados pelo Clayton foram muitos, valendo a especial lembrança do Luso Grande do Sul e do atual esforço na luta pela duplicação da BR-116. A habilidade do mentor Clayton em agregar vozes e cérebros ao Treze permitiu essa longevidade, excepcional para um programa de rádio. Antes de mais nada, ao longo de todo esse tempo e com todas essas mudanças, somos todos, ouvintes e colaboradores, fãs incondicionais do programa e do seu líder. Se há algo que não queremos ver mudar, por mais quatro décadas, é nosso sagrado hábito de sintonizarmos o rádio para ouvir o Treze!

* Fábio de Moura – Advogado e integrante da Equipe Treze