PARQUE DO ALBARDÃO: SENTENÇA PARA A DERROCADA ECONÔMICA DO SUL DO RS
Paulo Gastal Neto*
Não é momento de ‘fechar portas’. É hora de reconstruirmos casas para as pessoas, pontes e estradas para o transporte, é hora de diversificar a economia do RS com ‘novos ventos’ e não barra-la, é hora da solidariedade humana extrema, de impulsionar todos os empreendimentos. É hora de reerguer este estado e não inviabilizá-lo.
E de repente retorna a pauta o projeto que vai contribuir para piorar o status econômico da região sul do Brasil e no pior momento. As inúmeras demandas que constam nos discursos, em favor da tão decantada ‘metade sul do RS’, se anulam na efetiva prática que habita a real vontade de alguns, organismos como o ICMBio – Instituto Chico Mendes – e a FURG, carregados de ideologia. A ordem agora é o desenvolvimento da insegurança jurídica e o reforço para que se promova o atraso regional.
Nós, como sociedade e suas entidades, não somos ‘ecólogos de nós’ e sim de um conjunto de ações ambiental-econômicas e sociais! É a sobrevivência das pessoas que se debate. Não estamos sozinhos, e sozinhos não podemos impor determinações e nem mesmo materializar o que pensamos sobre meio ambiente. Nós não podemos pensar em apenas um quinhão de terra e sim num conglomerado planetário.
O Parque do Albardão, se implementado, vai representar um colapso econômico, um retrocesso em vários campos na área dos investimentos, como a possível alteração no plano de manejo. O plano de manejo é um documento que estabelece principalmente o zoneamento (tamanho do parque) e define as normas do uso da área, seus recursos naturais e inclusive a implantação das estruturas físicas. Segundo a regras previstas pelos burocratas de gabinete e salas de aula, ecólogos de si próprios – leia texto sobre no link: https://pelotas13horas.com.br/artigo-o-ecologo-de-si-mesmo/ – haverá a impossibilidade da ampliação de projetos de energia eólica. Isso por si só já implantaria um retrocesso econômico para a região sul do RS.
O município de Santa Vitória do Palmar tem uma série de geradores de energia éolica e está inserido no processo global de transição energética. Uma espécie de redenção econômica para milhares de pessoas, que durante décadas travaram batalhas árduas contra o desemprego e a falta de oportunidades. Fato.
O plano também em questão também promove impacto no setor da pesca. Propõe a restrição em uma área significativa para as famílias que sobrevivem desta atividade principalmente nos municípios de Rio Grande e São José do Norte. Torna ainda mais difícil a vida de quem já vive com dificuldades. Na sequência dessa pirotecnia burlesca, o projeto gera ainda insegurança para o agronegócio. Os produtores de arroz da região irrigam as lavouras com água da Lagoa Mangueira. Com a possibilidade de a área do parque ser alterada, poderá inviabilizar produtores rurais. Impedir deles continuarem a utilizar a água da lagoa o que geraria desemprego, fechamento de empresas e o fim de uma atividade mais do que centenária e que é uma das vocações do sul do RS.
Hoje a expressão que circula no município é: POBRE SANTA VITÓRIA DO PALMAR. No extremo sul do RS, ela tem sido palco de um embate que sangrará a sua economia. A possível implantação de uma Unidade de Conservação Ambiental na categoria Parque, na localidade do Albardão, na costa do Balneário do Hermenegildo, além de estar causando uma grande inquietação na comunidade, está gerando a perspectiva de uma insegurança jurídica para futuros investimentos na região.
A Prefeitura de Santa Vitória do Palmar informou que existem tratativas para diversos projetos que visam ser implantados naquela região, a exemplo de uma pauta explorada mundialmente, a energia eólica offshore, que produz energia por meio da força dos ventos em alto-mar. A iniciativa de criação dessa Unidade de Preservação Federal ocuparia 1,6 milhão de hectares e se chocaria com o projeto citado pelo município, desconsiderando a potência que Santa Vitória do Palmar poderá se tornar caso opte pelo ramo do offshore.
A iniciativa ganha destaque em toda a região, sendo que Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e Chuí, serão afetadas negativamente caso a implantação do parque se confirme. Já foi demonstrada a opinião clara e contrária em relação ao parque por parte da população que tentou acessar audiência pública e foi barrada pelo autoritarismo que reina nesses momentos em que se trava o embate entre conceitos de gabinete e as reais necessidades das pessoas.
O prefeito de Santa Vitória, Wellington Bacelo (MDB) afirma categoricamente que os projetos são bem recebidos e avaliados com cautela, porém, nesse caso em específico do Albardão, as abordagens não foram claras em nenhum momento e causam inúmeros prejuízos econômicos ao município. A cidade nunca concordou com sua implantação e tem consciência dos prejuízos que o parque trará ao desenvolvimento econômico e social do município e para a comunidade em geral. O que mais assusta é a forma abrupta que este assunto vem sendo manejado! Parabéns ao Deputado Federal Daniel Trzeciak que se posicionou imediatamente contra, defendendo a região que representa. Se aprovado, este projeto, será uma cajadada na economia da zona sul e agora de todo o RS, tão necessitado de ‘novos e bons ventos.’
*Radialista e editor do www.pelotas13horas.com.br