O ÚLTIMO TANGO, DIGO, CEIA EM PARIS
Ivon Caerrico*
O que tem em comum o filme ‘O Último Tango em Paris’, de 1972, do consagrado Cineasta Italiano Bernardo Bertolucci e a performance (em suposta alusão) à obra prima, de 1495, do Pintor italiano Leonardo da Vinci – ‘A Última Ceia’, na Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris?
No filme, ambientado em Paris, a famosa cena em que Marlon Brando sodomiza Maria Shneider, com ajuda de manteiga, causou escândalo, polêmica e censura mundial.
J̌a o famoso Quadro de da Vinci, representa a despedida de Jesus, no Cenáculo, em Jerusalém, antes da sua execução na cruz.
Por sua vez, na polêmica Cerimônia, um grupo de drag queens, para alguns, estaria fazendo uma representação grotesca e indevida desse momento no Cenáculo. O que foi interpretado como um escárnio pela Igreja Católica e Extrema Direita francesas.
No entanto, para inúmeros outros intelectuais e vanguardistas do espectro esquerdista, essa performance não retrata Leonardo da Vinci, mas consagrado Pintor holandês. Sem nenhuma conexão bíblica. E, estaria inserida na famosa trilogia da ‘égalité, fraternité et humanité’.
O certo é que ninguém imaginava – àquela ocasião, em 1972, e a recente e incomum Abertura dos Jogos Olímpicos – o ‘frisson’ (alusão aos franceses) causado.
Os franceses são notáveis, entretanto, pela histórica ousadia nas ciências, letras e artes. Daí o admirável vanguardismo e protagonismo nesses campos.
Mas, com certeza não usariam drag queens para qualquer alusão ao Corão, nesse desfile. Como ocorreu, em 2015, quando o jornal satírico francês ‘Charlie Hebdo’ fez uma grotesca caricatura do Profeta Maomé, que resultou em inominável tragédia.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 29/07/2024
