O NOBEL DE ECONOMIA E O BRASIL
Ivon Carrico*
Uma questão que sempre me intrigou é porque determinados países se desenvolvem mais do que outros, mesmo quando possuem uma gênese similar.
Pois bem, a Academia Real das Ciências da Suécia entendeu por outorgar, neste ano, o Nobel de Economia a 03 Pesquisadores, baseados nos Estados Unidos, pelo estudo acerca do desenvolvimento díspare desses países.
Referido trabalho ressalta que instituições políticas fortes e inclusivas são a chave para o crescimento dessas economias.
Para o Economista turco Daron Acemoglu, professor do MIT, coautor do ‘best-seller’ “Por que as Nações Fracassam” e, um dos laureados, o sucesso ou fracasso de qualquer país não está relacionado a fatores geográficos ou culturais.
Para ele o sucesso está garantido quando da participação social ampla e inclusiva. Já o fracasso, quando se concentram poder e recursos em uma elite restrita. Talvez, nesse último, residam as razões pelas quais o Brasil anda aos solavancos desde a chegada das caravelas.
A partir de então, passando pelo Brasil Colônia e Império, tivemos as Capitanias Hereditárias, os ciclos econômicos do pau-brasil, do açúcar, do ouro, do café e da borracha, a ‘política do café com leite’. Ou seja, o Poder e os recursos nas mãos de poucos.
Já, no pós-guerra, com a industrialização do País, o Poder e os recursos somente mudaram de mãos – a Avenida Paulista tornou-se o novo endereço…
Hoje, com a afirmação de Brasília como centro decisório pesadas corporações capturaram o Estado brasileiro, beneficiando-se de inúmeros privilégios e benesses.
Daí que, como afirma o Professor Acemoglu, enquanto perdurar a concentração de Poder e recursos na mão dessas elites, tenho que pouco avançará o País em termos de desenvolvimento e justiça social.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília – 18/10/2024