MUNDO SEM FRONTEIRAS
Neiff Olavos Gomes Satte Alam*
“Precisamos olhar o mundo de hoje com os olhos do mundo de amanhã, não com os do mundo de ontem. Ora, os olhos de amanhã são os olhos planetários. As fronteiras são as ruínas, ainda de pé, de um mundo em revolução.” Pierre Lévy
Tenho observado uma acentuada preocupação com a utilização desta fantástica tecnologia de comunicação em rede que denominamos de Internet. Não que a preocupação seja indevida, pois é real e há grande alteração nas relações humanas e na forma de pensar e agir quando estamos ligados à rede. Esta conexão de informações que se espalham pelo planeta nos encaminha a uma nova realidade, pois passamos a agir dentro de um espaço diferente do habitual, o ciberespaço.
No curto espaço de 15 anos (um pouco mais, um pouco menos), toda nossa forma de comunicação foi modificada. Os limites de expansão do conhecimento impostos pelas fronteiras geográficas desapareceram e as manifestações de todos os homens do planeta passaram a circular livremente entre todos os meridianos. O nosso universo de ação, antes restrito ao território que habitamos, ficou definitivamente planetarizado. Nossa casa, agora, é o planeta Terra.
As ditaduras que por séculos reprimiram as manifestações do pensamento humano, as prisões em que se tornaram certos países para que seus habitantes não conhecessem outras ideias e propostas de vida e as maquiavélicas ações de governantes que utilizaram a força para que seus países se transformassem em ilhas de ignorância, para que o povo fosse melhor controlado, não resistiram a fantástica tecnologia da informação que terminou por inserir todos os povos em um ciberespaço sem fronteiras.
Pela velocidade com que aconteceu a implantação destas redes de informação e principalmente pela fantástica evolução das tecnologias de suporte, não estamos podendo absorver com facilidade o que temos a nossa disposição, pois recebemos mais informações do que nosso cérebro possa absorver, filtrar e aproveitar, isto é, não estamos conseguindo transformar em conhecimento toda esta informação disponibilizada e muito menos separar com eficiência as informações boas daquelas que denominamos de “lixo virtual”.
O próprio processo educacional, tanto estruturalmente como na formação de profissionais, não está conseguindo acompanhar toda esta tecnologia colocada a sua disposição.
Para que a educação possa se utilizar desta tecnologia e conquistar o ciberespaço, é necessária uma mudança na forma de pensar e ensinar, pois nossos professores, em sua maioria, ainda ensinam dentro de uma visão linear e segmentada, deveriam, para se ajustar aos novos tempos, ensinar de forma não linear (em rede) e conectando informações e conhecimentos. Abdicando da linha e da prisão que esta acarreta, estaremos conquistando nosso lugar, de forma definitiva, no mundo cibernético e fazendo parte do ciberespaço: um mundo sem fronteiras.
*Biólogo, Professor de Biologia e Especialista em Informática na Educação. Participa do Treze Horas desde a sua criação, em 1978