ARTIGO – MAIS UM NATAL… É PRECISO FALAR DO AMOR

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MAIS UM NATAL… É PRECISO FALAR DO AMOR!

Dom Jacinto Bergmann*

Estamos às portas do Natal 2020. Será celebrado, por força de uma pandemia jamais imaginável, de forma diferente… talvez mais profunda e autêntica.

Natal é sempre a celebração do amor. O Deus onipotente se torna criança nascida numa gruta em Belém de Judá, Israel, porque não havia nem lugar nas hospedarias. É o Amor Total/Eterno que veio e vem encarnar-se na história da humanidade, para nela ressuscitar o amor perdido pelo pecado. Por isso, se em torno da celebração do Natal, o amor não é o centro, ela não é autêntica. Nunca podemos deixar de sonhar: a partir de cada Natal, o “amor deveria ser mais amado”, parafraseando o santo seráfico, São Francisco de Assis. O seu “fratelli tutti” – “todos irmãos” para construir uma “fraternidade e amizade social” (conforme a última Encíclica do Papa Francisco) está cimentado no amor encarnado do Filho de Deus, o nosso irmão maior. Não é por nada que a tradição dos “presépios” tem nele a sua origem.

            Celebramos, assim, mais um Natal… é preciso, pois, falar do amor! Podemos de várias formas falar do amor. Como é falar do amor quando ele falta? Façamos uma tentativa:

            a inteligência sem amor te faz perverso;

            a vontade sem amor te faz relapso;

            a justiça sem amor te faz implacável;

            a diplomacia sem amor te faz hipócrita;

            a política sem amor te deixa egoísta;

            a lei sem amor te escraviza;

            a autoridade sem amor te faz tirano;

            o trabalho sem amor te faz escravo;

            o lazer sem amor te faz preguiçoso;

            o estudo sem amor te torna prepotente;

            a riqueza sem amor te faz avaro;

            a pobreza sem amor te faz desesperado;

            o êxito sem amor te faz arrogante;

            a beleza sem amor te faz fútil;

            a alegria sem amor te faz superficial;

            a tristeza sem amor te oprime;

            a simplicidade sem amor te deprecia;

            o sentimento sem amor te enfraquece;

            a religião sem amor te explora;

            a fé sem amor te deixa fanático;

            a esperança sem amor te faz angustiado;

            a caridade sem amor te faz mesquinho;

            o passado sem amor te faz orgulhoso;

            o presente sem amor te torna infrutífero;

            o futuro sem amor te deixa sem perspectivas;

            a família sem amor te torna carente;

            a comunidade sem amor te desune;

            a sociedade sem amor te empobrece;

            a cruz sem amor se converte em tortura;

            a vida sem amor… não tem sentido!

Tudo acima é possível com amor! Tudo é com amor quando Deus está presente. Tudo é com amor quando acontece verdadeiramente Natal!

*Arcebispo Metropolitano de Pelotas.