ARTIGO – INFRA WEEK – E AGORA?

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INFRA WEEK – E AGORA?

Paulo Gastal Neto

É hora de arregaçar as mangas. A expressão serve para lideranças de Pelotas e Rio Grande, mas sobretudo aos empreendedores das duas cidades. Que comecem a pensar num futuro de curto prazo. Novas alternativas estão surgindo bem de baixo do nosso nariz e se não enxergarmos, seguramente os de fora saberão aproveitar e muito bem as oportunidades que estão se deslumbrando logo ali na frente.

Aos prefeitos das duas grandes cidades da região cabe não atrapalhar e, mais do que isso, que agilizem uma legislação atraente para facilitar a chegada de novos investimentos. Premência na liberação de licenças ambientais, descoladas de conteúdos ideológicos, será um avanço, já que essa agilidade, especificamente neste meio, é decisiva na hora de uma escolha, uma decisão. É pauta número um. A Infra Week – nesta semana que passou – deu o sinal, acendeu a luz verde. Ela foi de intensa movimentação em relação a projetos de infraestrutura e o futuro regional, sobretudo tendo Pelotas e Rio Grande duas cidades que podem se complementar em ações no potencial aeroportuário e portuário. Deveremos saber utilizá-los, e bem, para crescer e gerar empregos, renda à população.

A aérea Gol definitivamente oficializou os planos de operar um voo direto entre Pelotas e São Paulo. Serão três voos diretos por semana, a partir de outubro, aumentando essa frequência mês a mês até a rota ficar diária e os bilhetes começam a ser vendidos em junho próximo. Mas não só de passageiros se abastecerá a rota. A utilização de transporte de cargas também será um esteio positivo para diversas empresas que se utilizam dessa demanda. Isso significa entrega imediata no centro do país. Além dos voos para São Paulo, o passageiro poderá fazer conexões com os demais destinos do país de maneira ágil e o mesmo vale para as cargas.  Também no setor aéreo o Ministério da Infraestrutura repassou à iniciativa privada – CCR Companhia de Participações em Concessões – o Aeroporto de Pelotas (integrante do Bloco Sul). A companhia que arrematou terá que promover investimentos em Pelotas e nos aeroportos de Bagé e Uruguaiana na ordem de R$ 206 milhões. Quem vai pegar esse filão?

Na mesma semana de decisões importantes para a região sul do estado, a companhia de celulose CMPC se tornou detentora, através de leilão, promovido também pelo Ministério da Infraestrutura, do terminal PEL01 que já opera no Porto de Pelotas. Mais um importante componente estratégico e integrante da Infra Week. A empresa ganhou o certame se comprometendo em investir um total de R$ 16 milhões no complexo, no prazo de concessão de dez anos, período em que devem ser criados novos empregos. A concessão por 15 anos representa a “continuidade dos investimentos” da CMPC no Brasil, mas sobretudo em Pelotas e abre margem, finalmente, para a possibilidade de uma unidade industrial na região sul. Mas isso só se dará a partir da aprovação do Projeto de Lei que autoriza a venda de terras para estrangeiros. Com a palavra as lideranças políticas regionais: mais macro e menos micro! Trabalhar à aprovação desta nova legislação é dever de todos. É bom lembrar que as operações portuárias de Pelotas retiram 100 mil caminhões das estradas a cada ano, mas sobretudo gera emprego no sul do estado.

A chilena envia celulose para exportar pelo Porto de Rio Grande, que recebeu investimentos da ordem de R$ 500 milhões para a dragagem. Na área industrial de Rio Grande, a unidade da Yara Brasil aumenta sua capacidade de produção e precisa de infraestrutura, como a duplicação de lote final da BR-392 e investe em transmissão de energia elétrica. O complexo da Yara Brasil em Rio Grande passa de 650 mil toneladas ao ano para 1,2 milhão de toneladas anuais, e o potencial de mistura passará de 1,5 milhão de toneladas para 2,6 milhões de toneladas. Além disso, a unidade incrementou a sua capacidade de armazenagem.

Pelotas apresentou saldo positivo na geração de empregos no mês de fevereiro, segundo os dados divulgados pelo CAGED. Foram criadas 639 vagas. Os setores de serviços e indústria foram os que mais contrataram, em meio a um cenário complicado, mas que pode se revestir de otimismo, bastando se definir o ânimo de quem lidera. Fevereiro de 2021 foi o melhor mês registrado no período, visto que Pelotas encerrou 2020 com a perda de 939 postos de trabalho.  Neste mês Pelotas apresentou 2270 admissões e 1631 desligamentos, com o saldo positivo das 639 vagas. Dessas, 429 ocorrem no setor de serviços, 103 novas vagas na indústria e 89 na construção civil.  Das 2270 admissões ocorridas em fevereiro de 2021, 1.318 foram homens e 952 mulheres. Dados recentes, fresquinhos, que enterram as teses de que na zona sul do RS não há boas perspectivas e oportunidades. Bora trabalhar!

*Radialista e editor do www.pelotas13horas.com.br