ARTIGO – AS ELEIÇÕES MAIS AGUARDADAS DA HISTÓRIA DOS EUA – Podcast

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Professor Cássio Furtado sobre as eleições no EUA
Podcast – Comentário do Professor Cássio Furtado sobre as eleições no EUA

Cássio Furtado
Professor e jornalista

Em poucas horas, o mundo saberá o resultado das eleições mais aguardadas da história dos Estados Unidos da América. De um lado, o atual presidente, o Republicano Donald Trump. Do outro, Joe Biden, candidato Democrata, que foi vice-presidente de Barack Obama durante oito anos.

Em um país que perdeu mais de 230 mil pessoas para a COVID-19, o gerenciamento da pandemia e do pós-pandemia foi tema central da eleição. As tensões raciais, intensificadas com recentes atos de brutalidade policial, não ficaram atrás.

Em 2016, todos os comentaristas políticos aguardavam a vitória de Hillary Clinton. Foram surpreendidos com uma guinada pró-Trump de última hora. Em 2020, todos os cenários apontam para Joe Biden como o próximo presidente. Biden é um candidato mais velho, com pouco carisma, mas que surge como uma opção moderada para apaziguar os ânimos nos EUA.

O presidente em busca da reeleição é um furacão verborrágico e carismático que quer acirrá-los ainda mais. Trump terá forças suficientes para, mais uma vez, contrariar as expectativas dos entendidos? Tais guinadas só são possíveis pois o sistema eleitoral dos EUA é único e completamente distinto do que temos no Brasil. Lá vigora, desde 1787, o chamado Colégio Eleitoral – um sistema que preserva o peso e a relevância de cada estado.

Na prática, o que ocorre são eleições estaduais em separado. Quem ganha cada uma delas, acumula o peso daquele estado, e os famosos delegados que votarão, posteriormente, para presidente. No país, são 538 delegados disputados em 50 eleições estaduais. A Califórnia, por exemplo, possui 55 delegados em disputa. Estados menores, como Montana e Wyoming, possuem somente três.

Se olharmos para o mapa eleitoral dos EUA, veremos que a eleição já está definida para Biden ou Trump em mais de 40 estados, nos quais não se faz sequer campanha nessa reta final. O resultado da eleição presidencial depende, hoje, de estados-chave como Flórida, Geórgia, Michigan, Ohio, Pensilvânia e poucos outros. Se Biden seguir a lógica e mantiver a liderança que possui na maioria desses estados, chegará aos 270 votos no Colégio Eleitoral e será eleito presidente.

Se Trump contrariar a lógica e reverter muitas das disputas estaduais que hoje estão bastante acirradas, conseguirá se manter na Casa Branca por mais quatro anos. Muitos me perguntam o que será melhor para o Brasil: a reeleição de Trump ou uma eventual vitória de Biden?

Ambas possuem prós e contras.

Se Trump for reeleito, provavelmente manterá uma política comercial protecionista e prejudicial ao Brasil. Por outro lado, ele não coloca pressão na questão ambiental e no desmatamento da Amazônia.

Se Biden vencer, em tese teremos uma política comercial mais aberta e que poderá trazer ganhos ao Brasil. Em compensação, ele terá um tom bastante crítico ao governo brasileiro na questão ambiental.

Como se vê, não há escolhas sem consequências.