A DISSONÂNCIA ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA
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Ivon Carrico*
Hoje, é uma data que traz uma amarga recordação. Há 61 anos – em Dallas, no Texas – o então Presidente americano John Kennedy era assassinado.
Por aqueles dias, Republicanos e Democratas se deliciavam com a desenvoltura e o glamour dele e da sua esposa, Jacqueline Bouvier Kennedy, pelos seletos salões da Casa Branca.
E, se escandalizavam, também, com a conturbada e diversa agenda política. O seu governo teve desde um acentuado e discutível protagonismo em Cuba e no Vietnã, até a consolidação do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos.
Mas, foi esse Movimento a marca registrada do governo Kennedy. A partir daí os Direitos Humanos emergiram como pauta obrigatória em muitas democracias mundo afora.
Entretanto, esta data nos traz, ainda, uma grande e intrigante reflexão: por que líderes, como Lincoln, Mahatma Gandhi, Kennedy e Martin Luther King, que tanto lutaram pela dignidade humana, foram cruelmente abatidos?
E, por extensão, por que esses mesmos Direitos Humanos, ao mesmo tempo em que, hoje, são tão celebrados como pauta governamental são, também, cínica e solenemente escamoteados por esses mesmos governos?
Pois, hoje, o Brasil protagonizou esse vexame! Esse Governo que traz como cartão de apresentação suas bem sucedidas políticas de inclusão social, ou seja, Direitos Humanos – em votação na ONU, teve o despudor de evitar a condenação da Teocracia do Irã quando do assassinato e massacre de tantas mulheres naquele País.
É de se destacar, assim, a dissonância entre o discurso e a prática do Governo Lula, nessa seara. E, se perguntar, então, onde estão nossa Primeira-Dama e as titulares do Ministério dos Direitos Humanos e do Ministério da Mulher, tão prolixas nesses campos.
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*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília – 22/11/2024