UM MENINO, UM CAMINHÃO E UMA RETROESCAVADEIRA

1568
UM MENINO, UM CAMINHÃO E UMA RETROESCAVADEIRA!
(E uma reação “Zero” da comunidade inteira).
___________________
E esse silêncio todo de nossa parte? O que somos, hoje? Talvez sejamos mesmo uma pista de aterrissagem para vultos sem escrúpulos. Avalie conosco – por favor – esse triste episódio que aconteceu recentemente em Pelotas: um menino de 16 anos, acompanhado de outro jovem, conduzindo um caminhão vindo de Piratini com uma retroescavadeira em cima, e que – sem nenhuma resistência – adonou-se da Avenida Bento Gonçalves pilotando numa velocidade fora dos padrões recomendáveis, derrubando sinaleiras, arrancando a fiação dos postes, infernizando o trânsito num dos pontos mais movimentados da cidade e….depois de um bom tempo, batendo em retirada sob a proteção de um silêncio comunitário sepulcral.
.
Pior, o episódio recebeu ”atenção zero” de todos nós, jornalistas, radialistas, políticos, não políticos, cidadão comuns, os mais altos vultos, os menores vultos comunitários, etc etc etc
.
Vamos pensar juntos, pelo menos agora: – O que somos hoje? Somos vultos sem voz, sem indignação, sem têmpera, sem energia, sem projetos de vida, sem discurso…e sem nenhum propósito em benefício de nós mesmos?
.
No papel de Zumbis das ruas, com um esparadrapo na boca, não somos mais capazes de externar nenhuma reação! Pergunta-se mais uma vez:– Somos vozes caladas e 100% inúteis, além de miseravelmente acovardadas? Diante deste triste episódio do caminhão com a retroescavadeira a bordo, o nosso “silêncio coletivo” é, no mínimo, além de vergonhoso, um retrato muito bem acabado da paralisia de cada um de nós diante de espetáculos de estupidez desse porte.
.
Hoje, infelizmente, procura-se num palheiro esse sinal mínimo de indignação numa hora de tantas e tão assustadoras interrogações quanto ao comportamento abusivo e irresponsável de alguns, que se mostram indiferentes aos danos que possam causar à sua própria terra. (Exemplos: bustos, placas e símbolos históricos arrancados e vandalizados, mais a pichação de prédios referenciais de Pelotas, valendo ainda destacar a agressiva ação de anônimos com o objetivo de descaracterizar o monumento ao Coronel Pedro Osório).
.
Somos tolos, miseravelmente tolos? Percebe-se a olho nu que estamos botando fora todo o legado de vultos admiráveis do passado que colocaram Pelotas nas altas esferas do Império e da República, além de qualificá-la por conta de pioneirismos memoráveis. Pois se o tolo não se faz, já nasce feito, na expressão de Machado de Assis, e se isso instalou-se em nossos comportamentos na pobreza criativa de cada dia, necessita-se urgentemente de alguns sinais de lucidez, de indignação e de comprometimento coletivo nesse nosso dia a dia na Cidade de Pelotas.
.
De antemão, registre-se e publique-se: – Os culpados somos todos nós, e essa é a consciência necessária. Está faltando – a todos nós – ” amor” ao lugar, comprometimento com o endereço de nossas vidas e muito “respeito” ao que é comunitário!
.
Pois talvez – a esta altura – uma só pergunta seja capaz de tornar-se labareda indispensável ao “aquecimento” do nosso próprio espírito: – Afinal de contas, qual é a Pelotas que queremos para nós e para os nossos próprios filhos neste Século XXI ?
.
(Caro leitor: Favor pensar numa resposta necessária durante os próximos minutos!).