ÉLDIO MACEDO, A VOZ DAS COPAS DO MUNDO

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ÉLDIO MACEDO, A VOZ DAS COPAS DO MUNDO
Silencia um eletrizante microfone do rádio.
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Clayton Rocha*
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Ele marcou época em jornadas memoráveis do rádio gaúcho. Éldio morreu hoje em Buenos Aires, aos 89 anos de idade, onde estava hospitalizado por conta do Alzheimer. Esse 29 de março de 2025 será lembrado agora pelos seus colegas e amigos, aqueles que o admiraram e que acompanharam de perto a sua marcante trajetória.
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Lembrar dele é tarefa fácil: ele se deixava identificar pela energia na palavra, a riqueza de detalhes e a rapidez de raciocínio.  “Elétrico”, sempre presente, fossem jornadas diurnas ou noturnas, voltadas para o futebol ou para qualquer outro tipo de evento, ele marcava presença em nome do vigor da palavra e do amor ao rádio.
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Trabalhamos juntos na Copa do Mundo do México de 1986 ao microfone da rádio Gaúcha, período no qual estreitamos laços e dividimos tarefas. Éldio também participou da Série “Guadalajara 13 Horas”, naquela inesquecível cidade “das praças e dos jardins”. Sofremos juntos no Jalisco quando Zico perdeu aquela penalidade máxima mas nem isso foi capaz de diminuir a força da sua palavra diante de um microfone. E seguimos à risca – durante 40 dias – aquela disciplina profissional capitaneada pelo sempre presente Armindo Antônio Ranzolin.
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O radiojornalismo perde hoje um referencial, ou seja, toda a energia daquela palavra que foi pronunciada durante mais de cinco décadas, equivalendo a dizer que o nome de Éldio Macedo ficará gravado na história do rádio do Rio Grande do Sul. Éldio leva consigo os marcantes sinais de um profissionalismo exemplar, sempre verbalizado com força de convicção e por isso mesmo diferenciado.
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Ele se vai aos 89 anos, uma idade que não combinava com a sua eterna juventude, a marca forte de toda a sua caminhada. Mas Éldio também fica no exemplo e na preciosidade de suas eletrizantes transmissões, jornadas nas quais – por ocasião de seu encerramento – ele costumava despedir-se do ouvinte através de um sonoro “Até breve!” (frase esta que – e a propósito – a ele também endereçamos neste sábado de uma despedida).
(CR).
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*Jornalista e criador do Treze Horas em 1978
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