Artigo
100 ANOS DO RÁDIO NO BRASIL
Paulo Gastal Neto*
No dia 6 de abril de 2019 marcou a data do Centenário da criação da primeira emissora de rádio do Brasil, a Rádio Clube de Pernambuco. Lá no ano de 1919 começou o trabalho dos pioneiros da radiodifusão no nosso país. São muitos detalhes técnicos, que marcaram o início das pesquisas, como o físico alemão Heinrich Hertz, que descobriu as ondas radiofônicas, o do físico italiano Guglielmo Marconi, a quem se atribui a invenção da radiotelegrafia, no fim do século 19 e, claro, do nosso pioneiro, o padre gaúcho Roberto Landell de Moura, que entre uma missa e outra fazia experimentos físicos e obtinha êxitos até superiores aos dos pesquisadores europeus e norte-americanos.
Já no ano de 1892 Landell de Moura construiu um aparelho com válvulas e fez a primeira transmissão de levar a sua voz a distância, na cidade de Campinas, em SP. Em 1896, quatro anos depois, é que apareceu Gugliemo Marconi com a radiotelegrafia sem fio. Então, a transmissão do rádio por ondas eletromagnéticas era um sistema e a transmissão do Marconi era outra completamente diferente. O padre Roberto Landell de Moura, na época, foi taxado de louco, de bruxo, de praticante de espiritismo e candomblé. Três anos após a abertura da Rádio Clube de Pernambuco, em 7 de setembro de 1922, durante o centenário da independência brasileira, inaugurou-se então as transmissões através de um discurso do então presidente Epitácio Pessoa e a ópera O Guarani, de Carlos Gomes. A novidade deixou os ouvintes incrédulos. “E o povo que se juntava na multidão do centenário, uma multidão incalculável, era pior do que São Tomé: estava vendo, ouvindo e não acreditando. Como é que um aparelhinho pequenino, lá longe, sem nada, sem fios, sem coisa nenhuma, podia ser ouvido a distância. E ficava embasbacado” narrou o radialista Renato Murce, falecido em 1987 e um dos pioneiros do rádio brasileiro.
Em 1923 surgia a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por iniciativa de Roquete Pinto e a semente do rádio então se espalhou pelo Brasil afora. Em São Paulo, foi a Sociedade Rádio Educadora Paulista, em novembro de 1923. No fim da década de 20, já havia 29 emissoras de norte a sul do país. Outras 52 apareceram na década seguinte, geralmente transmitindo música, óperas e textos educativos. Os anos 40 conheceram o auge da Era do Rádio, na qual algumas emissoras tornaram-se ícones na radiodifusão de verdadeiros espetáculos de diversão, cultura, notícia e esporte. Era o rádio se transformando em veículo de comunicação de massa. Hoje, cem anos depois o rádio segue se reinventando, se transformando, se adaptando e mantendo sempre o seu público fiel e sempre como um veículo que atrai multidões. Em que pese as novas tecnologias do mundo virtual, cada vez mais o rádio vai agregando um pouco de cada nova tecnologia e se utilizando dessas invenções como nenhum outro. Nesse 6 de abril de 2019, um abraço forte de todos nós apaixonados pelo rádio, nesse veículo insuperável!
* Radialista