AS LIÇÕES DE HUMILDADE DO GOVERNADOR ALCEU COLLARES

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AS LIÇÕES DE HUMILDADE DO GOVERNADOR ALCEU COLLARES
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Clayton Rocha*
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Ele tinha o seu “Deus” no sobrenome e agora faz do Natal a data da sua despedida.
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Olha só, um negrinho vendedor de laranjas lá de Bagé, sem perspectivas, sem incentivos de terceiros, jogado à própria sorte, de repente passa a acreditar em si mesmo, e traça um roteiro, e avança, e preserva a essência indispensável, aquela que atende pelo nome de humildade; e alcança então a honrosa condição de primeiro negro a governar o Rio Grande do Sul!
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Eu sou um bageense agradecido!
Eu sou um seguidor de Leonel de Moura Brizola!
E Eu digo sempre: – “O voto é tua única arma, põe teu voto na mão!”
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Alceu de Deus Collares jamais se fez ausente das horas fortes de um debate de rádio, o 13 Horas, e a ele ofereceu gestos incontáveis de consideração, de valorização e de estímulo: deu ao 13 Horas o comando da Delegação do RS à Conferência Mundial do Meio Ambiente, a Rio-92; ofereceu um jantar a comentaristas do debate no Palácio Piratini, tendo como um de seus convidados o empresário Érico da Silva Ribeiro; fez inúmeras visitas aos estúdios do Banlavoura e do Palácio do Comércio; fez questão de participar de dois churrascos em Pelotas, um com o ministro Mozart Víctor Russomano, outro com o empresário Antônio Luiz Roxo de Oliveira, para externar todo o apreço que tinha pelos dois.
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Nas edições do Projeto Taim, e na condição de Governador do RS, esse filho de Bagé foi exemplar, além de incansável, tendo colocado boa parte da estrutura do evento sob responsabilidade do Governo do Estado. Dele guardaremos sinais de energia política, brilho oratório, amor ao Rio Grande, ações exemplares no parlamento federal, sinais contagiantes de humildade, um profundo respeito humano, mais aquela permanente disposição de saber sentir as dores alheias.
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Alceu “de Deus” Collares, uma vida exemplar, uma “marca registrada” no Sul e na Fronteira do RS, será velado amanhã – no Dia de Natal – lá no Salão Nobre do seu Palácio Piratini. Ali, cercado pelos seus afetos e pelo seu povo, o “negrinho” que em sua meninice vendia laranjas em Bagé, se despedirá do Rio Grande com o dever plenamente cumprido. E irá ao encontro de Leonel Brizola – esses dois vultos políticos admiráveis e inseparáveis – que honraram um Rio Grande inteiro.
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Ele, Alceu de “Deus” Collares, não poderia ter escolhido uma data mais significativa do que esta: – a de deixar a vida num tempo de Natal, ficando preservado no coração do Rio Grande e alcançando agora esse “Pai” supremo que durante os noventa e sete anos de sua vida frequentou o seu próprio sobrenome. (CR).
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*Jornalista e criador do Treze Horas em 1978