UMA REAÇÃO DESPROPORCIONAL
Ivon Carrico*
Repercutiram muito mal as recentes ofensas desferidas por um obscuro Deputado Estadual (PSL/SP) na tribuna da Assembléia Legislativa de São Paulo em desfavor do Papa, da CNBB e de Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida.
Tudo por conta da homilia proferida por aquele Prelado, no dia 12 de outubro do corrente, na Basílica de Aparecida, em São Paulo, quando da missa solene pela celebração do Dia da Padroeira do Brasil.
Naquela ocasião, Dom Orlando – dentre outros – afirmou que ‘a pátria amada não pode ser a pátria armada’. O que foi entendido, exageradamente, pelas hostes bolsonaristas como um duro recado ao Governo do Capitão.
O próprio Presidente da República, no entanto, rebateu as afirmações daquele religioso de uma forma, digamos, serena. O que não ocorreu, entretanto, nas palavras do citado Parlamentar que apelou para a grosseria e a infâmia.
Entendo que o Arcebispo, também, não poderia usar daquele momento para proselitismo político. Dentre outros, porque – em épocas não muito distantes, por ocasião de outros inquilinos no Palácio do Planalto, que desonraram o Mandato – não teve essa mesma loquacidade para condenar aquelas iniquidades. Aliás, como outros dos seus pares, se manteve silente.
Mas, isso – entretanto – não poderia jamais servir de argumento para os desvarios e impropérios do referido Deputado que extrapolou nas palavras e na postura. Uma reação desproporcional.
O Brasil – neste momento – mais do que nunca, precisa de muita tranquilidade e serenidade. E, não, de acirramento dos ânimos.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. (Brasília, 18/10/2021).