SABER A HORA DE SE RETIRAR
Paulo Gastal Neto*
E disse Ulisses Guimarães: “O homem público é o cidadão de tempo inteiro, de quem as circunstâncias exigem o sacrifício da liberdade pessoal, mas a quem o destino oferece a mais confortadora das recompensas: a de servir à Nação em sua grandeza e projeção na eternidade. Porém é necessário saber a hora de se retirar da vida pública com altivez”.
A lição de Ulisses não chegou a Pelotas. Talvez esteja viajando ainda. A caminho. Aqui impera, ainda, a vaidade. A vaidade é seguramente uma decorrência da religião, ela é uma espécie de auto-idolatria em que se compara à grandeza de vangloriar a própria imagem. Nos ensinamentos cristãos, a vaidade é considerada um exemplo de orgulho, mas também um dos sete pecados capitais.
E não é que nos deparamos com ela, nesse período de eleição municipal. É simplesmente constrangedora a observação de certos movimentos de alguns atores negligenciados no atual processo. A necessidade de estar à frente das – talvez – decisões, em as tê-las, revela o quando Ulisses não foi lido aqui pelo Pampa.
Alguns vencidos não sabem se retirar. Insistem em permanecer num meio que não mais lhes pertence. Foram próceres em suas ações no passado, justiça seja feita. Colaboraram, e muito, porém a retirada não é uma arte observada por eles e o constrangimento passa a ser a pauta visualizada. Os que vivem a cobertura política da cidade e observam de fora esses movimentos, sentes uma espécie de ‘vergonha alheia’ em virtude da decadência de suas ações.
O saber perder, que é uma virtude da democracia, passou longe de alguns e que se mostram de corpo e alma nestes momentos de processo eleitoral.
Lições elementares que deveriam ser construídas ao longo da vida pública não são aprendidas aqui na paróquia, por alguns, parece. Saber a hora de parar, uma lição de maturidade, passou longe de seus conceitos. Velho Ulisses, em alguns rincões seu conceito não chegou.
*Paulo Gastal Neto é radialista e edito do site www.pelotas13horas.com.br