ARTIGO – OS DONOS DO PODER

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OS DONOS DO PODER

Ivon Carrico*

Há muito falo das Corporações incrustadas dentro e fora do Estado brasileiro. É uma praga que captura o Estado para favorecer os seus integrantes. Agem despudoradamente, sem qualquer constrangimento. É o conhecido ‘Patrimonialismo’, onde se confunde o público com o privado.

Têm origem no Colonialismo português, daí ser uma herança cultural. Aqui, portanto, aportaram junto com as caravelas. E a face mais evidente disso foram as Capitanias Hereditárias.

Perpassaram os Séculos e estão, mais do que nunca, evidentes em nosso cotidiano. Atuaram, ferozmente, no Brasil Colônia, no Império, na República Velha, nos Ciclos militares (64) e, pasmem – sim – na Nova República e na Constituinte/1988.

No Governo FHC, por exemplo, quando do PROER (polêmico auxilio aos Bancos quebrados) e, no Lulopetismo quando – por exemplo – do Mensalão, Petrolão e, no recente escândalo do INSS, dentre outros.

A atuação dessas Corporações dentro do Estado fica evidente quando dos Supersalarios e vantagens do Judiciário, do Congresso, das Estatais e das ditas Carreiras tipicas de Estado (RFB, MRE, AGU, MPs, FFAA,…).

Já, fora do Estado temos FIESP, FEBRABAN e outras dezenas de entidades, sempre atrás de vantagens.

Para essa turma, o que menos interessa é o outro.

Lendo a Folha de São Paulo a semana passada, vi o excelente artigo sobre o Raymundo Faoro e seus estudos sobre a formação do Estado Brasileiro, quando no livro ‘Os Donos do Poder’, publicado em 1958, destaca o infame Patrimonialismo e a atuação das Corporações, que dele se servem.

Bem, era tudo o que queria para saber mais e, entender mais, o Brasil. Por quais razões não avança, por quais razões tantos desmandos e corrupção, tanta impunidade e, tanta injustica social.

Em tempos do Papa Leão XIII e sua Encíclica ‘Rerum Novarum; do Papa Leão XIV e sua trajetória missionária e, ainda, da democratização da informação ensejada pela Internet, resolvi conhecer essa estupenda obra.

*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília – 14/05/2025