ARTIGO – O MISTÉRIO DA INTUIÇÃO

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O MISTÉRIO DA INTUIÇÃO
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Clayton Rocha*
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Eu o conheci em São Paulo, numa roda política. Tema tratado? O Brasil de hoje e suas lideranças. Desdobramentos? Uma apaixonante investigação sobre o mistério da intuição. Alguns pormenores? Joana D’ Arc ouvia vozes. Stravinski e Mozart ouviam, em segundos, sinfonias inteiras. Einstein solucionava problemas sem a necessidade de raciocinar. E Churchill sentia-se protegido por certa mão que o guiava, força essa que ele definia como sendo a de um “hóspede desconhecido.”
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Geraldo Rodrigues lida com os sentimentos humanos! Algo mais que surpreenda em Geraldo Rodrigues? A forma como enfrentou, em hospital dos Estados Unidos, após cirurgia, aquele veredito implacável da equipe médica norte-americana: – “O senhor não enxergará mais.”
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Deficiente visual, ele vê muito mais agora. Enxerga o lado de dentro das pessoas e dele próprio. Se sente testado por estranhas forças invisíveis que nos conduzem. Acha que lhe retiraram o direito de ver porque não soube aproveitar bem a graça da faculdade da visão. Seria testado. Haveria de fazer mais, agora cego. Haveria de ver, com os olhos da alma, as reações da mente humana. E faria isso em sua missão de direcionar campanhas e de tornar o político menos arrogante, mais humano; menos demagógico, mais sensível; menos insuportável, mais ciente da finitude.
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Geraldo Rodrigues não se detém em coisas menores. Tem sido superior até mesmo ao seu próprio calvário. Vive para o trabalho. Curte e tem tempo para as pessoas. Sabe falar e ouvir. Seu talento garantiu-lhe 117 prêmios em criatividade, sendo que 37 destes foram conquistados em Cannes, Nova Iorque, Buenos Aires e Londres.
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Em matéria de compreensão humana, Geraldo Rodrigues situa-se num patamar superior. Vendo-o emocionado, em certo momento, quando discorria sobre suas vitórias e suas dores, recolhi nas lições do Padre Vieira algumas palavras que me permitiram compreender suas lágrimas: – “os olhos têm dois ofícios: ver e chorar; e mais parece que os criou Deus para chorar, que para ver, pois os cegos não veem e choram.”
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Quando falamos de vultos políticos, Geraldo Rodrigues lembrou que não há coisa que mais mude os homens que o descer e o subir, e o subir muito mais que o descer. Ele fala com autoridade sobre o assunto, pois vive entre as estrelas de primeira grandeza da política brasileira e aprecia filosofar sobre a arrogância humana.
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A propósito desse tema, nossa conversa chegou a enveredar pelo terreno movediço do cinismo humano. E lembramos então, de forma piedosa, o quanto é incontrolável aquela força que, em determinados períodos, instala-se nas mentes apequenadas. Para estes pobres diabos talvez fosse necessário elevar a voz e dizer:- “o vosso diabo sois vós: a vossa vaidade, a vossa arrogância, a vossa ilusão de eternidade, a vossa ambição desmedida. Guardai-vos de vós, se vos quereis guardado.”
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Num determinado momento, Geraldo Rodrigues assustou-se com o desânimo dos pelotenses. Não sentiu nenhuma energia positiva em nosso meio e muito menos um leve sinal que fosse de esperança. Ele detectou a falta de um rumo, de um desejo, de uma bandeira. Sentiu Pelotas inerte. Captou no ar um prazer mórbido na derrota coletiva. O que ele disse aqui talvez sirva para sinalizar o futuro: Pelotas precisa descobrir e preparar seus futuros líderes! Pelotas precisa de pessoas entusiasmadas. E que saibam distribuir essa virtude entre todos os demais. Necessitamos de líderes que contagiem através da palavra. Mas esses líderes sem nome precisarão ainda de um algo mais, o que era sugerido por um líder mundial que atendia pelo nome de Winston Churchill: a intuição! – INTUIÇÃO, isso mesmo, em letras maiúsculas e em frase curta.
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Quanto aos nossos vultos locais, os responsáveis pelo futuro, esses dependerão de uma sensação de interferência. Winston Churchill reconheceu que sentia uma mão que o guiava. E ficou na história. Pois precisa-se urgentemente disso por aqui. De futuras lideranças talentosas, idealistas, verdadeiras, cheias de humildade e de coragem. Vultos perdidamente apaixonados por Pelotas e não “por si mesmos”.
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Vultos iluminados!
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Homens que sejam guiados por uma mão invisível. Tocados pela “intuição”. Líderes que nos motivem a viver com esperança! E que nos façam cerrar fileiras em torno de suas propostas. Se tal acontecer, esses vultos de exceção darão sentido à nossa própria presença no contexto comunitário e o progresso de Pelotas será – ao natural – uma consequência de suas ações, além da grandeza de espírito de todos nós. Pois espera-se – a essa altura – que o povo, além de querer, seja capaz de dizer “AMÉM”.
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*Jornalista e coordenador do Treze Horas há 46 anos.