O CAVALO DE TROIA ISRAELENSE
Ivon Carrico*
Não pretendo, aqui, me estender sobre a conhecida narrativa do Homero que, na Antiguidade, descreveu o ‘Cavalo de Tróia ’.
Pois, provavelmente, foi o que se assistiu nestes últimos dias quando Israel, ardilosamente, colocou explosivos em ‘pagers’ e ‘walkie-talkies’ – adquiridos pelo grupo terrorista Hezbollah, em Taiwan – ocasionando inúmeras mortes e ferimentos em milhares de pessoas no Líbano.
Israel não assumiu, publicamente, essa operação. Mas, nem precisa, visto os últimos pronunciamentos do Netanyahu, Primeiro Ministro israelense e do Yoav Gallant, Ministro da Defesa.
Ambos assumiram o deslocamento do eixo da guerra para o sul libanês. Ou seja, ao invés de confronto com o Hamas, em Gaza, temos agora um novo ‘front’, com o Hezbollah, grupo fortemente armado e apoiado pelo Irã.
Essa operação – provavelmente, levada a termo pelo Mossad e pelo Shin Bet, de Israel – foi longa e milimetricamente planejada. Como o foi quando do recente assassinato do Ismail Haniyeh, líder do Hamas, em Teerã, Irã.
Daí, então, ser dificil acreditar que Israel, com o melhor Serviço Secreto do mundo, tenha sido surpreendido quando do infame ataque do Hamas, em outubro passado.
O New York Times, em artigo publicado logo após esse ataque terrorista, afirmou que o Governo israelense, àquela ocasião, já tinha conhecimento – há mais de 01 ano – da intenção do Hamas. Mas, que nada fizera para evitar o massacre ocorrido.
Se verdade, resta a indignação, mas não a surpresa, eis que muito comum governos extremistas atacarem seus próprios povos para criarem uma narrativa e se perpetuar no Poder.
Isso, dissimuladamente, ocorreu quando do bombardeio de Guernica, por ocasião da Guerra Civil Espanhola e do incêndio do Reichstag, em Berlim, na Alemanha nazista.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Arraias/Tocantins – 20/09/2024