ARTIGO – O LEGADO DE NAPOLEÃO

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O LEGADO DE NAPOLEÃO
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Ivon Carrico*
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Esta semana, no dia 05 de maio,  fez 200 anos da morte do polêmico General francês Napoleão Bonaparte. Ele morreu no exílio na Ilha de Santa Helena, no meio do Atlântico Sul.
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No que concerne ao mérito militar foi, sem dúvida, um dos maiores estrategistas que o mundo conheceu. Mas – acima de tudo – foi, ainda, um excepcional visionário. O que terminou por conduzi-lo ao Poder, em 1804, quando tornou-se, então, Imperador.
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Era obcecado por controle, organização, disciplina. Daí a imersão dele, também, na vida civil francesa.
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É dele o famoso Código que disciplinou as relações jurídicas, sociais e que tanto influenciaram e influenciam a consciência e o pensamento político da Europa Ocidental.
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Organizou, ainda, a Administração instituindo – dentre outros – a meritocracia.
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Enfim, restituiu a grandeza da França perdida após a morte do Rei Louis XIV, o Rei Sol.
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Daí que elevado ao patamar dos grandes heróis franceses teve seu corpo instalado na cripta do “Panthéon”, em Paris.
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Contudo, sua biografia traz uma nódoa que a revisão histórica tornou conhecida. Napoleão reintroduziu a escravidão, apesar desta ter sido extinta com o ideário trazido pela Revolução Francesa, de 1789: “liberté, égalité et fraternité”.
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Assim, enquanto na França vivia-se esse estado de graça, nos Territórios Ultramarinos (Haiti, Guiana, Polinésia, África Equatorial) instalou-se o terror. Para, com certeza, sustentar o Poder central.
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O revisionismo histórico tem derrubado estátuas mundo afora. Mas, é muito difícil e, às vezes, tendencioso julgar alguém com as Tábuas da Lei de agora. Daí o cuidado com toda a análise desses fatos.
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Assim, com a devida cautela quero afirmar que o Napoleão não poderá ser reduzido tão somente a essa questão. Errou? Sim. Como todo o Colonizador e a própria Igreja erraram. Esta com a Inquisição, Cruzadas e negacionismo científico (Galileo Galilei). Mas todos, inclusive o Napoleão, foram muito maiores do que os seus erros.
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Quisera ter visto no Brasil homens públicos com a altivez e a visão desse grande militar francês. Com certeza não estaríamos vivendo essa penúria, indigência e aridez moral e intelectual nos 3 níveis e esferas de Poder. (Ivon Carrico)
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*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 18/04/2021