ARTIGO – MONDO CANE

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MONDO CANE

Ivon Carrico*

Sob este título (Mundo Cão) foi produzido o conhecido Documentário italiano, de 1962, que impressionou o mundo pelas cenas dantescas exibidas.

“Todas as cenas que irão ver neste filme são verdadeiras e extraídas da vida. Se por vezes são chocantes, é porque há muitas coisas chocantes no mundo”.

Com esta apresentação a referida película mostrou ao espectador os embates e as vicissitudes da vida.

Não bastassem os tantos conflitos mundo afora, hoje, temos um muito mais desafiador, porque invisível, silencioso, furtivo e dissimulado. É aquele presente em nossos relacionamentos familiares, sociais e profissionais.

A condição social, a raça, a faixa etária, as doenças são – dentre outros – fatores determinantes para essas ocorrências. Para o abandono e o desprezo!! Aqui e no mundo. No Brasil, apesar dos tantos Regulamentos editados, persiste – ainda – essa chaga social.

Nos últimos tempos, entretanto, alguns fatos me levam a questionar a idiossincrasia humana – para onde estamos indo? Não é possível conviver com essas ignomínias, ignorando a fragilidade do outro.

Assim, a recente morte do ator americano Gene Hackman que teve a plateia de milhões no mundo surpreendeu pelo fim que teve – só e completamente desassistido. Ele tinha Alzheimer e estava com 95 anos…

E, aqui nos trópicos, tivemos a inusitada e deplorável cena racista com o jogador Luighi, do Palmeiras, em jogo no Paraguai. Realmente, a natureza humana prescinde da bondade. Mundo Cão!

*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília – 12/03/2025