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Renato Varoto*
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Não é do meu estilo repisar assuntos já por mim abordados, a não ser quando alguma circunstância ou imprevisto o exige. É o caso do comentário aqui lançado no último dia 15/03, aqui no site do Pelotas Treze Horas, que obteve tão imprevista repercussão forçando-me a ter como bússola, por óbvio, o questionado comportamento de parlamentar “triturada” por portar dois cigarros de maconha em sua bolsa Não é que surgem faíscas do incêndio do que parecia apagado. O “Coliseu” montado na Câmara de Vereadores, ter-se-ia consumado, não, fosse ao que parece o bom senso jurídico de alguns, desprovido de preconceitos ético; morais, religiosos ou de qualquer outra espécie, de outros.
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Em tal situação me vejo forçado a repetir que: “somente a imoralidade e a ausência de ética podem explicar – jamais justificar – o sorriso de alguns, as críticas de outros, principalmente a pecaminosa invencionice de narrativas ridículas e mentirosas em torno do fato. Agem como diria o eterno Fernando Pessoa; “como uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual” (in Livro do Desassossego), uma das mais brilhantes obras em língua portuguesa, quiçá universal.
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Pois bem, tais algozes são covardemente ousados aos agredir os Poderes Executivo e Legislativo, mas submissos, lambe-lambe e até rastejantes frente a uma Toga Preta do Poder Judiciário. Perplexo acordo tomando ciência de que algumas hienas de modo espúrio anseiam lançar a parlamentar e assemelhando, de modo feroz, a mais uma daquelas fogueiras que aterrorizaram o mundo na época da nada “Santa Inquisição”.
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Desse modo acusam os políticos de todos os tipos de ilegalidades, desde desvios de emendas parlamentares; obras e, o pior desprezam os que lutam diariamente para ganhar um salário mínimo, bem como os maltrapilhos, drogatidos e os demais vomitados pela impiedade social.
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Segundo dados, não oficiais, Pelotas tem hoje cerca de 17 mil moradores de rua, irmãos nossos que vivem sem os mais ementares recursos necessário à dignidade humana, num cínico discurso de falsa democratização, saltam – à selvageria dos animais, esquecidos de sermos seres dotados de matéria e espírito, portanto aptos à dignidade e ao respeito de todos, independentemente de nossa aparência visual ou de poder financeiro.
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Não me pretendo alongar em temas tão cruéis quanto controversos, mas não posso deixar de, mais uma vez, vomitar frente a tais sacripantas, completamente despreocupados com a cidade e a sofrida situação de sua gente perambulando feito “zumbis” pelas ruas da cidade, esmolando respeito e, acima de tudo, por agentes públicos que não olham para baixo por temor de tropeçarem, mas que precisam fazê-lo de forma a sentir e viver as dores alheias; o abandono da miséria, da violência, do frio e da fome, ao contrário de apenas perseguiram o desejo de aparecerem na imprensa e nas rede sociais, como se fossem modernos São Francisco, na caridade, mas desnudados de ética e civilidade.
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Olhem seus umbigos, ao invés de criticar o próximo por eventuais culpas, que nem eles reconhecem. O pedido é velho, mas sempre válido: chega de hipocrisia pessoal e social. Ponham as máscaras numa gaveta e joguem a chave fora.
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Encerro pedindo que o humaníssimo Papa Francisco reconheça a santidade desses sobreviventes da vida. São milagreiros, no que chamam “gesto concreto) A verdadeira caridade ama o próximo, o que não importa em substitui-lo. Apensas, ajuda-lo.
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Pelotas, 22 de março de 2025
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*Jornalista, advogado e professor e integrante da Equipe Treze Horas.
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