ARTIGO – HÁ CULPADOS

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HÁ CULPADOS?

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Renato Varoto*
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Não creio que qualquer cidadão com um mínimo de racionalidade acredite que sem alterar o sistema parlamentar brasileiro seja possível conduzir nosso país à grandiosidade mundial que merece ir além, bem além, da grandeza geográfica que nos coloca como um dos maiores e diversos espaços na terra, estamos em quinto lugar e num sexto lugar quando o critério é população, o que, por óbvio, nos tornaria uma grande potência, mas não o somos.
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E por que não o somos? Há culpados?  E não são poucos.
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Na impossibilidade espacial e até mesmo por limitações pessoais não alçarei grandes voos. Há quarenta anos, com a posse de José Sarney, nosso país retornou ao caminho democrático – vários tropeços nesse tempo, mas chegamos à estabilidade relativa, que se tem mantido sólida como no lamentável 08 de janeiro de 2023, além de alguns ensaios de simpatizantes de regimes totalitários.
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Não tivéssemos mais de trinta partidos políticos (muitos servindo apenas para arrancar dinheiro do contribuinte, como é o caso dos fundos partidários, que sustentam uma minoria de privilegiados), desinteressando lhes o futuro dos brasileiros? Não rodopiássemos em torno de Lula e Bolsonaro, como se o Brasil estivesse voltando aos tempos das Capitanias Hereditárias, com dono e servos? Não fossem os partidos irresponsáveis ao lançarem candidatos que seriam reprovados num elementar exame de sanidade mental? Enfim, não fossem tantas idiossincrasias no comportamento coletivo, viveríamos num pais mais justo; seguro; democrático e humano.
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Assim, não surpreende que o Governo Federal tenha renunciado a seus princípios para conseguir que o Congresso Nacional aprovasse um orçamento de bilhões, sendo 85 bilhões (sacrificando projetos sociais) para saciar a fome predatória dos parlamentares esquecidos dos milhões de cidadãos que nas ruas dormem, passam fome; frio, sem saúde e, em verdade, para a maioria das autoridades são mera ficção ou invencionice de mal humorados.
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Poderia seguir por inúmeras laudas, mas encerro aqui, questionando: até quando o povo vai aguentar o tratamento de animais (não pets) que lhes é imposto? Reeleger a maioria do atual Parlamento é sancionar sua morte. Espero que ainda mude a tempo de eu vivenciar e não deixar apenas como herança a meus bisnetos.
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Pelotas 21 de março de 2025
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*Jornalista, advogado e professor e integrante da Equipe Treze Horas.