A AUSCHWITZ TROPICAL
Ivon Carrico – De Brasília
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Anos atrás estive na Polônia e fiz questão de conhecer Cracóvia, a segunda maior cidade e seus arredores. Por três razões. Queria conhecer os seguintes locais: a) Auschwitz, o então maior Campo de Concentração nazista, onde 1 milhão de judeus foram mortos; b) a fábrica do Oskar Schindler (lembram do filme “A Lista de Schindler”?), que salvou outros tantos e, c) os locais por onde viveu o Papa polonês João Paulo II, o então Cardeal Karol Woytila.
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Na visita à cidade em si um local me chamou a atenção. Era uma imensa praça onde havia dezenas de cadeiras, metálicas, fixas no chão, vazias, regularmente espalhadas. Ou seja, era um monumento! Perguntei, então, do que se tratava. Aí fiquei sabendo que aquilo se referia às centenas de judeus que foram retirados, a força, pelos Alemães dos imóveis que circundavam aquela praça. Famílias inteiras foram separadas e embarcadas em caminhões, à noite, para Auschwitz, nas proximidades, para a morte por asfixia nas câmaras de gás.
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Pais, filhos, netos, avós foram despojados dos seus pertences, agredidos, humilhados e separados. Nunca mais se veriam…
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O outro local que me impressionou foi Auschwitz. Principalmente as câmaras de gás. Os judeus, novamente, eram separados e despidos e encaminhados para a morte.
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Desculpem-me a insistência com que relato Auschwitz. Ainda mais nestes tempos tão difíceis. Mas uso estes exemplos como um recurso de linguagem para descrever e comparar as horrendas cenas que estão acontecendo em Manaus com a falta de oxigênio nos hospitais.
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Brasileiros, acometidos da COVID, estão se separando dos seus familiares e sendo embarcados em aviões para tratamento em cidades distintas. Obviamente, tal como em Cracóvia, muitos não mais retornarão…
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Por sua vez, as dantescas cenas nos hospitais em Manaus, onde outros tantos brasileiros estão morrendo por falta de oxigênio, indubitavelmente, me remete às câmaras de gás de Auschwitz. Difícil não fazer esta infame comparação…
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Aqui não vou procurar culpados, pois estão em todos os níveis e esferas do Poder e, também, em diversos estratos da sociedade. O fato é que isso tem de ser analisado e repensado para que possamos vislumbrar o País, a Sociedade e a Governança que queremos construir. (Ivon Carrico)