ARTIGO: ARBEIT MACHT FREI – 80 ANOS

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Auschwitz – Polônia 2014

ARBEIT MACHT FREI – 80 ANOS

Ivon Carrico*

Com essa frase no portão de entrada de Auschwitz, o maior Campo de Concentração nazista, situado na Polônia, transitaram, aproximadamente – 1.100.000 prisioneiros – os quais foram mortos, ou em câmaras de gás, ou por fuzilamento ou por enforcamento.

Esta frase, em Alemão, significa ‘o trabalho liberta’. Mal sabiam, todavia, o que os aguardava tão logo descessem dos vagões de trem, abarrotados de pessoas, em condições degradantes de transporte.

Em minhas andanças estive em vários desses locais que evocam esse sinistro período da humanidade. Mas, Auschwitz foi o que mais me impressionou, talvez pela dimensão e crueldade do ocorrido.

E, lá, o local dos enforcamentos me levou a uma profunda dor e introspecção. Fiquei paralizado me indagando: como pode tudo aquilo ter acontecido? Em outras oportunidades, neste espaço, já tive a possibilidade de retratar aquela dura, triste e terrível realidade.

Naquele longínquo 27 de janeiro de 1945, ao ser tomado pelos soviéticos, os prisioneiros procuravam a ‘ausgang’, a saída. Foi quando o mundo tomou conhecimento das atrocidades promovidas pelo Nazismo.

Hoje, nos 80 anos de libertação daquele Campo de Concentração e, em um momento, em que o mundo se vê diante de uma encruzilhada com o incremento de tantas práticas autoritárias em diversas partes do mundo, é mais do que oportuno esta reflexão – para onde queremos ir.

Referidas práticas estão em ambos extremos do espectro ideológico – ou à Direita, ou à Esquerda. E, com muitos adeptos. Eu, até me atreveria a classificá-los como verdadeiros inocentes úteis. Ou por ignorância, ou por puro oportunismo.

Que não seja – contudo – uma nova ‘escolha de Sofia’, como descrito no livro acerca dessa suposta sobrevivente de Auschwitz.

*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília – 25/01/2025