ARTIGO – A PARANOIA DO CONTROLE SOCIAL

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A PARANOIA DO CONTROLE SOCIAL

Paulo Gastal Neto*

A moda do momento é a expressão ‘controle social’ em razão da exigência de um passaporte vacinal, para algumas atividades públicas em recinto fechado. Os mais antigos vão recordar: o comprovante de vacina contra a Febre Amarela, coincidentemente estampado em uma caderneta de cor amarela, que era emitido em Rio Grande. Era uma espécie de passaporte vacinal para viagens internacionais, solicitado por alguns países que exigiam o tal comprovante para permitir acesso ao seu território. Nunca houve polêmica, que eu recorde, sobre a exigência deste documento comprobatório.

Neste momento temos um documento semelhante: ele pode ser físico ou eletrônico. É um simples comprovante de imunização e tem como objetivo, além de aumentar a segurança diante de eventos sociais o de estimular a população a buscar a vacina. Somente isso. Ele não servirá para controlar a sociedade e seus movimentos, os seres humanos e suas individualidades, apenas ajudará na condução harmônica de um processo que tem nos deixado todos confusos diante do alto grau de informações contraditórias que nos chegam.

Ele não necessita ser instrumento de polêmica. Nós temos passaporte vacinal desde que nascemos e há mais de sessenta anos. A velha ‘carteirinha de vacinação’. Nunca isso foi discutido.

Especificamente sobre controle social podemos aí sim evocar outros instrumentos que estão no nosso meio há muitos anos. Os nossos dados – particulares – comercializados entre grandes empresas e bancos. Aliás essa imaginação, e aí com certo grau de realidade, começou a existir muito antes da pandemia! O mundo já estava vivendo estágios de controle pessoal com muito mais severidade, logo após os atentados de 11 de setembro. Esse controle veio com o aumento dos atos terroristas, Al Quaeda, Bin Laden, do acirramento entre esquerda e direita, crescimento do fanatismo religioso, da vigilância através das redes sociais, do monitoramento via organizações disfarçadas, enfim, uma gama de expedientes aos quais a pandemia se somou.

Esse é mais um processo cíclico, que deverá ser superado com o fim da pandemia e com a evolução através da educação e da construção de uma população com senso crítico! Não há necessidade de polêmica em torno de um papel comprobatório sobre a sua vacinação. Menos!

*Radialista e editor do site www.pelotas13horas.com.br