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Clayton Rocha*
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Estamos diante de uma Pelotas sem rumo, ingrata com as melhores páginas de sua própria história, abandonada por todos nós, ocupada pela pobreza de ideias e pela ausência de projetos consistentes, mas levando muitíssimo a sério o oportunismo político, a conversa fiada e a ausência de sonho.
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Cadê aquele líder – político, empresarial, empreendedor, profissional liberal, oriundo da Academia – capaz de “comover” pedras e de “encantar” brutos? E de nos convidar ao sonho!
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A propósito de uma ingratidão coletiva – a nossa – em relação aos grandes homens que engrandeceram a Cidade de Pelotas durante os últimos dois séculos – espera-se que os comentaristas examinem amanhã esses últimos gestos eleitorais, essas últimas promessas, essas últimas frases, essas crueldades verbais, esses deboches explícitos, algumas dessas “promessas” circenses, além de outros sinais que vem tornando essa Pelotas política numa espécie de endereço de atores voltados exclusivamente para os seus “muito bem calculados interesses”, além de indiferentes às incertezas políticas que serão depositadas na conta da cidade e em nossa própria conta.
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Não temos esse desejo, num derradeiro dia eleitoral, o de sermos escravizados por forças locais ou por forças de fora daqui – ou por quem quer que seja – dominadas pela soberba, pelo descompromisso e pela arrogância, comportamentos autoritários esses que nos conduzirão a um endereço menor, habitado pela pobreza de espírito e pela burrice política, pela conversa fiada e pelas demonstrações de falsidades explícitas.
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Tenhamos pois essa consciência, a de que Pelotas é uma cidade histórica, não um lugarejo de otários e de analfabetos políticos. Não importando – e vale expressar aqui – a origem geográfica de um candidato, (mas sempre necessário saber quem são os seus acompanhantes, vindos de outros lugares). O que vale – e muito – é que essa pessoa apaixone-se pela nossa terra e se deixe tocar pelas boas intenções, além da sua própria capacidade de trabalho, mostrando-nos saber escolher os seus colaboradores leais, pois a “dignidade pessoal” destes será o “cartão de apresentação” do próprio candidato!
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A propósito de 13 Horas.
Já se sabe que toda aquela porta que é aberta, além de escancarada para qualquer pessoa – tem lá as suas consequências. Vindas até mesmo de “presidentes” de partidos políticos, que do alto de sua glória efêmera são capazes de cravar punhais “traiçoeiros” no peito de um 13 H considerado – até então – e por esses mesmos senhores – um endereço indispensável às grandes discussões sobre o presente e o futuro de Pelotas. Superficiais em seus gestos, ajudaram a desencantar os nossos colaboradores – trinta e cinco pessoas – que fazem do seu dia a dia uma oportunidade de demonstrar pleno envolvimento com a “Cidade de Pelotas”.
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Ao finalizar ainda cabe uma pergunta: – Estamos sendo ingratos com os grandes vultos de mais de dois séculos de Pelotas? Ferreira Vianna ministro da Justiça que assinou a Lei Áurea ao lado da Princesa Isabel / Alexandre Cassiano do Nascimento, ministro das 7 Pastas / Gilberto Marinho, Senador e presidente do Senado Federal / Arthur de Souza Costa, ministro da Fazenda durante 11 anos / Luís Simões Lopes, braço direito de Vargas no Catete, fundador do DASP e da FGV / e mais modernamente Mozart Víctor Russomano presidente do Tribunal Superior do Trabalho, TST; Carlos Alberto Gomes Chiarelli, Senador da República e ministro da Educação; Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite, duas vezes Governador do Rio Grande do Sul.
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Caro leitor: – Se os mais antigos não são capazes de repassar tão preciosas recordações, o que se poderá esperar dos jovens, a não ser um sinal de desinformação? Não será deles, afinal de contas, a missão de comandar Pelotas num futuro a médio prazo…
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*Jornalista e coordenador do Treze Horas há 46 anos.