PROST E SENNA, NUMA OUTRA DIMENSÃO!
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Setembro de 1994
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Clayton Rocha
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Cessa tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta…
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As brigas, as antipatias recíprocas, os choques na pista, a crueldade das palavras e as inimizades históricas foram deixadas de lado.
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Aquele setembro de 1994 mostrou-nos um Alain Prost fragilizado emocionalmente lá no interior da casa da família Senna da Silva. E mais até: apresentou-nos um Prost sintonizado emocionalmente com ‘seu” Milton, pai de Ayrton, de quem ficou amigo e de quem foi hóspede por alguns dias na propriedade de Tatuí lá no interior de São Paulo.
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Na condição de testemunha privilegiada, por conta de um texto pessoal e de alguns outros discursos que pronunciei em nome do tri-campeão mundial, (por determinação de sua Mãe, Dona Neide), vi muito de perto a consternação mundial nos endereços da fórmula-um. E vi um Frank Williams em sua cadeira de rodas, junto a Prost, a Gerhard Berger e a Rubinho Barrichello, este último sendo imaginado por todos como o grande herdeiro brasileiro da Fórmula 1.
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A cordialidade entre “seu” Milton e Prost, muito acima do que se pudesse esperar, foi ponto de referência daquele marcante encontro ocorrido em setembro de 1994, provando-nos que se a felicidade agrupa, a dor reúne. Ali tive a certeza de que as forças que se associam para o bem não se somam, mas se multiplicam.
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Vinte e sete anos depois daquele jantar que teve Ayrton Senna da Silva como ponto de convergência, reafirmo aqui as minhas próprias convicções – vindas lá do século XX – para dizer que todo o nosso conhecimento se inicia com sentimentos, pois esses é que são a essência viva da alma. (CR)