ARTIGO – O ELEITOR TRANSFORMA A CULTURA POLÍTICA

195

O eleitor transforma a cultura política

Eduardo Gil Carreira*

Tenho uma visão romanceada da política; para alguns utópica. Lendo as notícias locais, assistindo pelas redes sociais e ouvindo pele rádio, evidencio, saudosamente, o empobrecimento do debate político, da falta de proposições viáveis em políticas públicas e de alternativas para o desenvolvimento. Creio que política é mais que uma polarização apoiada em líderes nacionais, como bengalas do mais do mesmo.

Faço parte dos cerca de dez por cento dos cidadãos brasileiros filiados a algum partido político, tentando contribuir com a melhoria da sociedade por meio da boa política, capaz de transformar positivamente a realidade. Participo ativamente da vida partidária, frequentando cursos, palestras e seminários, nacionais e internacionais, como ouvinte ou palestrante, na busca de uma melhor qualificação política, que julgo ser de suma importância. A sociedade, em geral, repele a classe política em razão das promessas impróprias, das mentiras e de tudo feito com a intenção de ganhar votos, quando o propósito deveria ser o coletivo. O desencanto com a política não pode limitar a participação dos bons cidadãos, daqueles que defendem o interesse público e o bem comum. O agente político é a ponte que une a Administração – o poder público, e a sociedade. E para tanto, deve ter uma qualificação suficiente para a atividade política produtiva, habilidade, ser coerente e conhecedor de práticas de gestão e fomentar bons relacionamentos. A política sem governança e gestão, sem um sólido planejamento resulta em ineficiência e desperdício. Para um bom exercício da função pública o agente deve fazê-lo com inovação, criatividade, atitude e credibilidade, não sendo admissível alguém ausente vir se apresentar, ou reapresentar, como um bom nome para se tornar representante da sociedade.  Assim também, os parlamentares que estiveram no exercício do mandato e pouco fizeram, não merecem credibilidade com o compromisso de fazer algo na próxima legislatura.

A atividade política deve ser sempre a busca pelo poder! Do poder auxiliar a comunidade, sendo motivo de orgulho em representar os eleitores que confiaram o voto! O político capacitado reflete melhor os anseios da sociedade, fazendo uso da tecnologia e dados facilmente disponíveis. Nesse sentido, o eleitor é quem tem o instrumento do voto para promover uma depuração na classe política, eventualmente abdicando de seus próprios interesses, elegendo pessoas capazes, qualificadas, preparadas, com princípios e valores. Na escolha depositada na urna deve prevalecer o interesse em desenvolver a coletividade, de forma racionalmente convicta e mais robusta.

Temos que realizar que o público é meu, teu, de todos nós! As eleições municipais que se avizinham surgem como oportunidade para revitalizar não só nossas cidades, mas a própria cultura política. A participação de pessoas com admirável prestação de serviços, seja na esfera privada ou pública, com amplo apoio e representação partidária local, com proximidade a lideranças estaduais e federais, com ideias arrojadas, criam um horizonte auspicioso. Contudo, para uma próspera gestão, deve estar cercado de competentes talentos criativos a fim de trabalhar e desenvolver projetos inovadores para o progresso econômico e equilíbrio social.

*Eduardo Gil da Silva Carreira – Advogado OAB/RS 66.391