ARTIGO – 22 DE ABRIL DE 2000 / 22 DE ABRIL DE 2021

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Dona Eneida, aquela senhora que testemunhou ao meu lado o plantio de uma pequena muda de pau-Brasil no ano 2000, saiu de cena em 22 de abril de 2008 levando consigo, em seus benditos 85 anos de história.

22 DE ABRIL DE 2000 / 22 DE ABRIL DE 2021

Um tempo marcante e emblemático.
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Parece que foi ontem: Luso Grande do Sul, Brasil 500 anos, andanças pelos países de língua portuguesa, Rede dos 500 anos em Lisboa; jornadas em Macau, no Sul da China; fortalecimento da Irmandade Pelotas-Aveiro; Marco Maciel, presidente do Vº Centenário do Descobrimento do Brasil em Pelotas; o Projeto UFPel/UCPel aprovado pelo Itamaraty; o convívio com o Premier Antônio Guterres na China durante a Conferência Internacional de Universidades de Língua Portuguesa e, ao fim de tudo, lá na Bahia, a preocupação em acomodar algumas mudas de pau-Brasil na bagagem de mão naquele avião da Varig, valendo lembrar que uma destas mudas foi plantada aqui no campo algumas semanas depois daquele 22 de abril em Porto Seguro e que ganhou altura e idade, tendo agora 21 anos!
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Mas esse 22 de abril de aspectos tão significativos em minha história de vida também deixou-me algumas marcas dolorosas e emblemáticas: pois foi numa madrugada de 22 de abril, no ano de 2008, que recebi uma das piores notícias capazes de atingir a alma humana: a da morte de minha Mãe. Dona Eneida, aquela senhora que testemunhou ao meu lado o plantio de uma pequena muda de pau-Brasil no ano 2000, saiu de cena em 22 de abril de 2008 levando consigo, em seus benditos 85 anos de história, as mais tocantes marcas de amor, afeto, parceria, amizade além de uma sintonia fina que ainda reencontro nas noites dos meus melhores sonhos.
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Ao pensar – e muito – na brevidade da vida, recuperando trechos de textos eternos de Marco Aurélio e de Ovídio, de Dante Aliguieri e de Leonardo da Vinci, acato conselhos definitivos: – Pratica cada um dos teus atos como se fosse o último da tua vida! Nada de desgosto nem de desânimo; se acabas de fracassar, recomeça! Se a doença atingiu o teu corpo e até mesmo a tua alma, esquece-a e volta para a tua casa, recomeçando a caminhada com determinação e entusiasmo. E labora a natureza sempre em favor da utilidade. E não te conduzas como se fosses durar milhares de anos, pois sobre ti paira o inevitável! Enquanto vives e podes, esforça-te para tornar-te homem de bem. E prossegue, por pior que seja a tempestade momentânea, porque testemunharás, amanhã ou depois, naquele que será um sinal de graça, o luminoso e sereno nascer do Sol.
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Haveremos de substituir esses muitos pontos de interrogação que estão mentalizados desde março de 2020, caro leitor, por preces de gratidão, além de sinais definitivos de normalização de nossas vidas. Sairemos sim, depois dessa treva momentânea, em direção à generosidade da Luz e à paz do nosso espírito. Esse desejo mentalizado agora por cada um de nós haverá de se multiplicar – atingindo então, numa sintonia fina – uma comunidade inteira. E esta, na medida em que a vontade faz o caminho, pedirá em uníssono e em nome de todas as suas crenças: – Pois que assim seja!
(CR).